3º Domingo da Quaresma

3º Domingo da Quaresma

A palavra de Deus no terceiro domingo da Quaresma oferece à nossa reflexão alguns temas religiosos, morais e espirituais importantes: a observância dos Dez Mandamentos, que nos é recomendada na primeira leitura, tirada do Livro do Êxodo, no qual temos a primeira revelação fundamental do nome de Deus, que Se define a Si mesmo: «Eu sou o Senhor teu Deus.» Foi Ele que tirou Israel da terra do Egito, da condição servil. Liberto dessa escravidão, o povo pode viver feliz, na medida em que romperá com todas as formas de idolatria, respeitará o nome de Deus e não tomará o seu nome em vão.

São Paulo atualiza a revelação no seu sentido cristológico (1Cor 1,22-25): «Os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios […] Cristo é poder e sabedoria de Deus.» A cruz é a referência espiritual e a luz que ilumina o caminho da vida de cada crente que pretende seguir fielmente Cristo. Se os mandamentos têm que ver com o passado, a Cruz e o Evangelho de Cristo têm que ver com o presente e o futuro.

Depois de nos ter conduzido na pobreza silenciosa do deserto (I domingo), e depois sobre o místico monte da transfiguração (II domingo), a liturgia imprime agora alguma velocidade ao caminho quaresmal, levando-nos ao lugar mais sagrado, o Templo de Jerusalém. Aqui, Jesus, devorado pelo «zelo» (2,17; cf. Sl 69,10) reage com veemência ao triste espetáculo de uma casa de oração reduzida ao comércio do sagrado. O Templo tinha perdido o verdadeiro sentido para o qual tinha sido criado: ser verdadeiramente casa de oração.

Estamos na véspera da Páscoa, evocando desde já a morte de Jesus na cruz. Quem visse hoje o Senhor a fazer isto chamar-lhe-ia certamente louco e exaltado. Em vez disso, as pessoas que se encontram naquele Templo, com a consciência de terem profanado um lugar sagrado, não reagem, limitam-se a fazer perguntas: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?» A resposta é dada claramente por Paulo na segunda leitura: a CRUZ é o sinal por excelência. Jesus respondeu-lhes tentando fazê-los compreender quem Ele era realmente e antecipa desde já a sua morte e ressurreição verdadeira páscoa: «Destruí este templo e em três dias o levantarei.» Jesus será o novo Templo destruído em três dias. O seu corpo será o verdadeiro santuário de Deus, a verdadeira casa de Deus.

O crente não pode tirar os olhos do mistério redentor da Cruz. Só abraçando Cristo crucificado, libertos das cadeias do pecado que nos fecham nos meandros do nosso egoísmo é que nos podemos abrir à ação do Espírito Santo em nós para nos tornarmos, também nós, templos vivos do amor de Deus.

 

Pe. Pedro Rodrigues

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